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Dia do Serralheiro: um ofício milenar de uma cadeia bilionária

23 de abr . 2021 Luis Henrique Cunha

Atividade comemora seu dia hoje e vê novos profissionais ingressarem na profissão.

Entre tantas profissões que estão no mercado, poucas se mantêm como um ofício. Aquela atividade que exige técnica e habilidades específicas. Assim é a serralheria, que celebra nesta sexta-feira, 23 de abril, o Dia do Serralheiro. 

Com experiência surpreendente, pela pouca idade e longa estrada na profissão, Cristian Fabi, de Veranópolis, é um dos jovens serralheiros que aprenderam o ofício e apostaram nele para empreender. Há menos de um ano, em junho do ano passado, ele e o amigo Miguel Quadri viraram sócios para tocar a Moldex Esquadrias. 

Os dois trabalharam juntos acumulando mais de dez anos de experiência em outra empresa do ramo antes de dar o passo de empreender no setor e assim acompanharam também a evolução no exercício da atividade. “Hoje em dia tudo mudou. Antigamente era mais artesanal, tudo tinha que ser à mão. Hoje em dia tem máquinas que fazem toda essa parte economizando tempo e ajudando na precisão das peças”, analisa Fabi, de apenas 27 anos, dez dedicados à profissão. 

A surpresa com sua pouca idade, inclusive, é uma das reações que mais recebe quando visita um novo cliente. “Às vezes o pessoal fica desconfiado, pensa que não vai largar na mão desses dois ‘piás’ uma casa para fazer, mas depois vê o trabalho e tudo muda”, brinca. 

Trabalhar no ramo da construção civil é também fazer parte da realização das pessoas, já que as obras concretizam, literalmente, os projetos de muitas empresas e famílias. Participar deste momento é uma das principais recompensas do serralheiro Mateus Prole, da empresa Alumax, há três anos no mercado: “como serralheiro e empreendedor é muito gratificante e satisfatório poder passar nas obras e ver os clientes satisfeitos com o meu produto e ter participado do sonho dessas pessoas”. 

Com ele trabalham a esposa e mais duas pessoas na cidade gaúcha de São Jorge. Assim como grande parte dos serralheiros, ele aprendeu a profissão em um curso profissionalizante e com muitas horas de mão na massa, ou melhor, no alumínio. “Entrei no ramo de esquadrias, quando comecei a trabalhar de empregado em uma empresa de aberturas, lá ofereciam seis meses de curso para aprender no corte e montagem. Percebendo o amor à profissão, após sete anos resolvi abrir a minha própria empresa”, conta Prole.

Assim como ele, muitas histórias como esta se repetem mundo afora dando seguimento a um dos ofícios mais antigos do mundo e que está em uma das cadeias mais produtivas do segundo setor. 

Indústria aquecida

Produzindo 400 toneladas de perfis (peças de alumínio estruturadas para aplicação em diversas áreas como esquadrias) e mais de um milhão de componentes (puxadores, fechaduras, dobradiças, etc) por mês na sua fábrica em Vila Flores, pequena cidade da Serra Gaúcha, a Alumiconte tem nos serralheiros sua principal fatia de mercado. A empresa, que comemora 33 anos em 2021, atende profissionais desta área de diferentes portes em diversas áreas do Brasil. Hoje, o serralheiro é responsável por mais da metade do faturamento da empresa com a compra de perfis, componentes e persianas. 

Com obra já em andamento, a empresa está construindo uma serralheria dentro da fábrica. É o Centro de Treinamentos da Alumiconte, um projeto idealizado por seu fundador Ari Conte e voltado para o treinamento de colaboradores e atendimento aos clientes. O objetivo é auxiliar os novos compradores e mostrar como é o ofício para o público interno para, quem sabe, formar novos serralheiros. 

“A fabricação de componentes foi a primeira linha de produção na fábrica. Há 14 anos, praticamente metade da idade da Alumiconte, investimos na fabricação de perfis, o que ampliou muito a nossa capacidade de atendimento ao mercado. Em toda essa trajetória o desenvolvimento do setor serralheiro foi determinante para nosso crescimento. Temos clientes históricos que se mantêm comprando apenas componentes e outros que compram as duas linhas. O pequeno serralheiro que atende o consumidor direto, a pessoa física, é um cliente significativo, com alto potencial e merece nossa atenção no atendimento e desenvolvimento de produtos”, explica o gerente administrativo da Alumiconte, Leonardo Guarda. 

Segundo o executivo, o momento é bom para o mercado da serralheria porque a demanda na construção civil está alta. Com uma capacidade produtiva que supera 4.800 toneladas de alumínio extrudado (transformado em produto) e 12 milhões de componentes, a Alumiconte atende todo o Brasil.